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Sou tantas e sou uma... Existo e sumo... Mergulho e retorno... Intensa, curiosa, aprendiz, crítica, sensível... Por vezes sábia. Vivendo na montanha-russa, em altos e baixos constantes... Metamorfose ambulante. Eu? "Contradigo a mim mesmo porque sou vasto" (Walt Whitman)

domingo, 4 de maio de 2014

Cadê você, Ariadne? (maio de 2013)


De vez em quando escrevo uns poemas...
Esse, depois de escrito, me fez lembrar de Ariadne, a personagem da Mitologia Greco-Romana que dá o fio condutor (novelo de lã) para o herói Teseu poder se guiar dentro do labirinto e de lá sair, sem se perder, após vencer o Minotauro.



É a mulher, simbolicamente, que traz o fio, a rede, a trama da vida, assim como acontece também com as Parcas/Moiras, que são três idosas que tecem o destino de cada um de nós, também segundo as encantadoras histórias da Mitologia Greco-Romana.
Que cada um possa encontrar o fio, o foco, após se perder em diversos momentos da vida, saindo deles renovado, depois de conhecer o cúmulo da escuridão e da claridade.
Aí vai o meu poema:


Cadê você, Ariadne?



Que felicidade barulhenta!
Chegou sem nem bater na porta
Foi entrando como quis
Invadindo meu silêncio e minha solidão.
Mas como não?
Saudade maldita
Me apertava o coração
Que, trancado a sete chaves,
Já não sabia encontrar,
Sem vagar,
No labirinto e sem
Fio condutor (cadê você, Ariadne???),
O eu de mim mesma.

Seca e velha agora eu sou,
Enrugada pela vida,
Escondida no próprio corpo,
Anestesiada,
Olhando pro mundo nebuloso,
Tão fora de mim.

Mas, mesmo assim,
A tal alegria estranha
Encontrou brecha onde não tinha.
Parecia uma alergia
Que coçava o tempo inteiro
Sem descanso vinha ela
Tentando despertar
O que ainda tinha vida e eu não sabia.

E, de repente, chegou assim
Sem nariz de palhaço
Mas trazendo o circo inteiro
E armando a lona
Dentro de mim.

Desenferrujando tudo
Chegou assim
Sem cerimônia, sem convite
E tomou conta de mim
Numa enorme e sonora gargalhada.


Regina Milone




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