De vez em quando escrevo uns poemas...
Esse, depois de escrito, me fez lembrar de Ariadne, a personagem da Mitologia Greco-Romana que dá o fio condutor (novelo de lã) para o herói Teseu poder se guiar dentro do labirinto e de lá sair, sem se perder, após vencer o Minotauro.
É a mulher, simbolicamente, que traz o fio, a rede, a trama da vida, assim como acontece também com as Parcas/Moiras, que são três idosas que tecem o destino de cada um de nós, também segundo as encantadoras histórias da Mitologia Greco-Romana.
Que cada um possa encontrar o fio, o foco, após se perder em diversos momentos da vida, saindo deles renovado, depois de conhecer o cúmulo da escuridão e da claridade.
Aí vai o meu poema:
Cadê você,
Ariadne?
Que felicidade barulhenta!
Que felicidade barulhenta!
Chegou sem
nem bater na porta
Foi entrando
como quis
Invadindo
meu silêncio e minha solidão.
Mas como
não?
Saudade
maldita
Me apertava
o coração
Que,
trancado a sete chaves,
Já não sabia
encontrar,
Sem vagar,
No labirinto
e sem
Fio condutor
(cadê você, Ariadne???),
O eu de mim
mesma.
Seca e velha
agora eu sou,
Enrugada
pela vida,
Escondida no
próprio corpo,
Anestesiada,
Olhando pro
mundo nebuloso,
Tão fora de
mim.
Mas, mesmo
assim,
A tal
alegria estranha
Encontrou
brecha onde não tinha.
Parecia uma
alergia
Que coçava o
tempo inteiro
Sem descanso
vinha ela
Tentando
despertar
O que ainda
tinha vida e eu não sabia.
E, de
repente, chegou assim
Sem nariz de
palhaço
Mas trazendo
o circo inteiro
E armando a
lona
Dentro de
mim.
Desenferrujando
tudo
Chegou assim
Sem
cerimônia, sem convite
E tomou
conta de mim
Numa enorme
e sonora gargalhada.
Regina
Milone
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